Monday, December 04, 2006

abrindo a porta do silencio...
entre
a casa é sua
senta
pega uma xícara
toma um banchá
só não diga nada por favor
vaca amarela...
feche os olhos e sinta
ouça
pra que tantas palavras
perdidas
se hoje nem há vento que as carregue




Friday, November 17, 2006

enchente no capibaribe


saudações fluviais
nos bueiros austrais
formiga carregadeira
carregando sua companheira
o gatilho mais rápido do oeste
não morava no oeste
morava no bairro da cruz do pilarzinho
entre seixos desleixos caprichos relaxos
transmutando a luz da lampada
como ele mesmo disse
“um centauro
metade decadente alexandrino bizantino
metade bandeirante pioneiro marcopolo simbad...”
pedra porosa
artilharia ligeira
fecundo como os insetos
o mais que poeta
cercando a montanha
deixando redondo
livre atirador
palavras
voam
cantam
uma brasa através
leminski

Wednesday, November 15, 2006

paisagem
( bela dona in óleo sobre lago)


vento no lago azul petróleo
lago largo trêmulo
amargo
superfície de cem luas
profundidade a óleo

ela é florista
com sua cesta de lírios
na névoa branca
dança seus abalos

ígnea rouca cinza
mulher de sombrolhos grossas
deslinda sua nova
issa


para flávia
choveu...


choveu em tudo que é meu
e a diferença é que
feito amor
tanto jeito de sonho


eu não tenho a noite inteira pela frente
tenho sim um milhão de dúvidas
por que será que na vida
só tem caminho de ida



a itamar assumpção
no fundo do poço
o sapo diz
posso
nunca acertei tanto em errar
bibliotecas e monumentos...



bibliotecas e monumentos
contam a história
do exército dos ventos
a exata palavra
as secretas leis
e os vários nomes de deus.
eu?
escrevo a história universal do dia de ontem
qual será o cume dessa cátedra?
em meus olhos não há tempo
as respostas meu amigo
eu mesmo invento
ilha do cardoso

ventos levam atobás brancos
num looping
voltam ao continente
entre galhos, conchas, garrafas, arames
e crânios de golfinhos
farfalham névoas na luz
movendo asas brancas
nas sobras azuis

enquanto isso
serenas
saem de trás das ilhas
nuvens
uma onda detona na areia
plânctons iluminam a praia

água viva gigante
carregando caravelas orgânicas
do nada
para o nada
no mais violeta

o sol entrou em leves amarelos
no estreito horizonte vermelho

Friday, November 10, 2006

camadas de silêncios...


como capturar esse vão

que não vem
esse intermezzo

entre um silêncio e outro
ar a solda do abismo
como o oco de um pensamento
no vão de um vôo súbito
palavras ao vento
solta o som para outra esfera
e deixa o vão livre
pedra que evapore
dia que se vire

Thursday, November 09, 2006

noroeste


folhas secas farfalham no chão
enquanto as garças comem carrapatos
as falas do japurá
nas calhas do lambrequim
distraem o colibri
atento à flor suspensa
que exala sua cor

a curruira busca restos de outono
galhos
finas folhas secas
macias painas __ para fazer um ninho dentro do oco de um crânio
que um dia foi os olhos de uma vaca
atenta
às finas canelas de um sabiá
que procura ávido
por borboletas distraídas flutuando no outono

o bem- te- vi
está em toda a parte de um todo
casa
dos que não mais existem

enquanto isso
eu e minha bananeira
lá no fundo do quintal
esperamos todos os anos:
eu pela florada da paineira
ela pela chuva de verão
que passa
escassa

Wednesday, November 08, 2006









violências da primavera...


sombras balançam no outono
entre falhas as folhas dizem adeus
qual será a próxima
quando soprar o vento?
do verde rubro ao cinzento
caem nos bancos de pedra
onde sentam a raça dos pelados

depois da chuva
tudo poça
os galhos brotam nas falhas
e as folhas sombream a praça