Sunday, August 29, 2010

Não há criação sem imaginação. A imaginação poética está aqui presente enquanto fenômeno de liberdade e sublimação pura, simples devaneio compartilhado com o olhar do outro, um convite a viver a imprevisibilidade de imagens que atraem um estado de alma apta para o infinito e a meditação, que não se aloja no passado e tão pouco no futuro, mas sim no ínfimo instante antes do pensamento.
“A imensidão nos habita e é refreada pela prudência, mas retorna na solidão, no algures na tranqüilidade da imensidão intima” (1) fora da memória, na fenomenologia dos devaneios íntimos.
Gaston Bachelard é um dos guias nesta jornada, assim como A filosofia da fenomenologia (2), aplicada aqui como um modo de pensar a imaginação poética.
Apesar de ainda haver uma oposição entre a epistemologia da ciência e a imaginação, objetividade e subjetividade, ambas se necessitam e se habitam.
Este projeto é um convite ao olhar do outro a se colocar como o ser que vive a imagem em seu intimo, antes que ela possa vir a se transformar em pensamento, crítica ou memória.
Naturalmente os textos poéticos também são imagens, simples impulsos das palavras vividas, imagens que aparecem na linguagem, escoam na linha do verso e arrastam a imaginação para entrar no espaço poético.
A água e sua imensidão, o ar e os sonhos e a desmaterialização são estados de alma vividos pela solidão ativa dentro da virtude das imagens.
“Se o olhar das coisas for um tanto suave, um tanto grave, um tanto pensativo seria esse olhar o da visão penetrante, do longínquo. Esse olhar sonda a profundidade da sua própria natureza” (1). Quando o lago estremece, mais que mil sóis aparecem. Esses são alguns dos exemplos das virtudes das imagens que a muito nos acompanham. A imagem poética tem um ser próprio. Nenhuma doutrina causal pode sufocar a pureza da virtude de tais imagens que nos habitam no silencio.
“Todos os nossos devaneios de criança merecem ser recriados” (1).
Os clics aqui, são mágicas de instantes que revelam as medidas de um ser, a imensidão da imagem na consciência de uma alma, atos ontológicos (3).
As imagens foram capturadas ao acaso e na imprevisibilidade, de forma digital e analógica.

Elisabete Mari Ghisleni



(1) Gaston Bachelard em a poética do espaço
(2) Fenomenologia: sistema filosófico que considera e estuda os fenômenos interiores considerados como ontológicos. Para melhor compreender e se aprofundar ver Eugène Minkowski, Edmund Husserl , Henri Bérgson.
(3) ontologico: atos breves isolados e ativos

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